O que caracteriza a Personalidade são as qualidades única e constantes do indivíduo. É o que nos distingue de qualquer outra pessoa, conjugando os nossos sentimentos, objectivos e padrões de comportamento.
Trata-se da organização interna dos sistemas psicológicos da pessoa e do seu ajuste ao ambiente envolvente. Embora tenhamos a tendência para responder a uma situação stressante ou difícil da mesma forma, temos a capacidade de tentar pensar e seguir um caminho alternativo se a primeira hipótese se tiver revelado ineficaz. Quando tal não acontece podemos estar perante uma Perturbação da Personalidade.
Perante traços de personalidade inflexíveis e desadaptativos, que causam incapacidade funcional significativa e/ou sofrimento subjectivo podemos então falar de Perturbação da Personalidade.
A perturbação da personalidade é um padrão estável de experiência interna e comportamento que se afasta marcadamente do esperado para o indivíduo numa dada cultura, tendo em conta os substratos étnico, cultural e social. Este padrão é global e inflexível, tendo início na adolescência ou no início da idade adulta. É um padrão estável ao longo do tempo e origina sofrimento clinicamente significativo ou incapacidade na vida social, profissional ou noutras áreas do funcionamento, como relações familiares e com o próprio. A mesma pessoa poderá preencher os critérios para várias perturbações da personalidade.
Enumeramos, de seguida, as perturbações da personalidade mais comuns:
1 Evitamento de actividades profissionais que envolvam contactos pessoais significativos, por medo de criticismo, desaprovação ou rejeição. 2 Não se envolve com pessoas, a menos que esteja seguro de ser aceite. 3 Mostra restrição nos relacionamentos íntimos por medo de ser envergonhado ou ridicularizado. 4 Atormenta-se por ser criticado ou rejeitado em situações sociais 5 Inibição em situações interpessoais novas por sentimentos de inadequação 6 Vê-se a si próprio como inepto socialmente, inferior aos outros ou sem encanto pessoal. 7 Normalmente relutante em assumir os riscos pessoais ou envolver-se em novas actividades que possam vir a ser embaraçosas. 1 Preocupação com detalhes, regras, listas, organização, inventários, acabando por perder a noção dos objectivos. 2 Perfeccionismo que interfere na execução de tarefas (incapaz de completar um projecto por não atingir os padrões rígidos que assume como seus). 3 Excessiva devoção ao trabalho, com exclusão de relações interpessoais e actividades de lazer (excluindo necessidades económicas óbvias). 4 Hiperconsciencioso, escrupuloso e inflexível nos assuntos de ética, moralidade ou valores (excluindo identificação cultural ou religiosa). 5 Incapacidade de deitar fora pertences usados ou sem importância, mesmo que não tenham qualquer valor sentimental. 6 Relutância em delegar tarefas ou trabalhar com outros, a não ser que se submetam exactamente ao seu modo de fazer as coisas. 7 Adopção de um estilo avarento para si próprio e para os outros: o dinheiro é visto como alguma coisa para enfrentar futuras catástrofes. 8 Exibição de rigidez e teimosia. 1 Incapacidade em conformar-se às normas sociais e às leis, traduzida pela repetição de actos passíveis de prisão. 2 Falsidade, com mentiras repetidas, uso de falsas identidades o enganar os outros para proveito ou prazer pessoal. 3 Impulsividade ou incapacidade de fazer projectos. 4 Irritabilidade e agressividade, com lutas físicas ou assaltos repetidos. 5 Desprezo e negligência pela segurança de si próprio ou dos outros. 6 Irresponsabilidade constante, indicada por incapacidade de manter um trabalho consistente ou honrar compromissos financeiros. 7 Falta de remorsos, indicado pelo facto de ser indiferente ou racionalizar os maus-tratos, ferimentos ou roubos provocados aos outros. 1 Desconforto em situações em que não é o centro das atenções. 2 Interacção com os outros caracterizada por sedução sexual inapropriada ou comportamento provocador. 3 Exige expressões emocionais que mudam rapidamente e se mostram superficiais. 4 Usa conscientemente a aparência física para atrair as atenções sobre si. 5 Tem um estilo de discurso que impressiona excessivamente mas é fraco nos detalhes. 6 Mostra auto-dramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções. 7 Sugestionável, sendo facilmente influenciado por outros ou por circunstâncias. 8 Considera os relacionamentos como mais íntimos do que na realidade são.
1 Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. 2 Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3 Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de si mesmo. 4 Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (p.e: gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias e/ou alcool, condução imprudente, comer compulsivamente, roubo compulsivo e patológico) 5 Recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6 Instabilidade afectiva devido a uma acentuada reactividade do humor (por exemplo: episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e raramente mais de alguns dias). 7 Sentimento crónico de vazio. 8 Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por exemplo: demonstrações frequentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes). 9 Ideação paranóide transitória (por exemplo: sentir-se perseguido) e relacionada ao stresse ou severos sintomas dissociativos (por exemplo: a despersonalização e processos amnésicos intensos).
1 Sentimento grandioso de auto-importância, hipervalorização das suas capacidades e crença de que os outros lhe assumem o mesmo valor (parecem gabarolas e pretensiosos). 2 Ruminação e preocupação com admiração, êxito, poder, beleza, amor ideal ou privilégios que julgam merecer. 3 Crença de que se é especial e único e que só os mais inteligentes, importantes ou com estatuto elevado conseguem compreendê-lo, procurando unir-se e manter contacto com pessoas desse nível e evitando contacto com os sujeitos comuns. 4 Necessidade de admiração excessiva devido à fraca auto-estima, preocupando-se muito com o julgamento e opinião dos outros (esperam ser recebidos com grande aparato e ser alvo de inveja e caso não o sejam ficam surpreendidos). 5 Sentimentos de ser reverenciado e tratamento especial (p.e: assumem que não precisam esperar na fila porque as suas prioridades são as mais importantes; assumem que o seu trabalho é sempre o mais importante). 6 Espera grande dedicação dos outros e utiliza-a como meio para atingir os seus fins (p.e: inicia relações amorosas apenas se o outro estiver disposto a alimentar a sua auto-estima e a aceitar as suas condições). 7 Ausência de empatia e incapacidade de reconhecer os pontos de vista dos outros, assumindo que os outros se preocupam e se concentram nele. Apenas reconhece sentimentos e necessidades nos outros para os rebaixar. 8 Inveja os êxitos e posses dos outros e acredita que os outros também o invejam a ele. 9 Comportamentos arrogantes e atitudes altivas.